Mãos que falam

Minhas mãos já não podem
Segurar esta corda
Que prende a cabeçada!
Minhas mãos são memórias.

Falam de tantas histórias!
Vidas vividas, sonhadas,
Horizontes tão distantes,
Que minhas mãos errantes,
Quiseram um dia alcançar.

Ai, como se cansaram! …
Cresceram hortas e árvores,
Arrancaram ervas daninhas.
Com elas fui ceifeira,
No estio de maduras searas.

Embalaram choros e risos,
De incertos futuros, imprecisos.
Estão cansadas, estas mãos,
Que apertam a vara da vida!

Onde me sento à tardinha,
Na pedra junto á porta,
Estão sobre meus joelhos.
Volto-as, abro-as, olho.
Meu Deus! Como estão cheias!
Tão cheias de memórias antigas!
Nada mais cabe nestas mãos.
Esboço um som de sorrisos
E uma lágrima, apenas uma…
Teimou sair de meus olhos.
Embalo-as agora, em meu regaço.

JoXavi