Um dia à tardinha

Conto


Um dia à tardinha, durante as férias de verão, peguei na bicicleta e fui dar um passeio pelas terras descampadas da minha Aldeia. Lá, podes andar muitos Kms sem se encontrar vivalma! A terra é agreste e por vezes  fere-nos por dentro! O calor como de costume, “apertava”. Tudo era calmo e sereno! Apenas se ouvia o rolar da bicicleta e a minha ofegante respiração… Os meus pensamentos vagueavam por lugares incertos e memórias de coisas antigas. De vez em quando, levava a mão à cara para limpar as gotas de suor que corriam pela face e molhavam as pálpebras. Ia ali, pedalando, sem destino, talvez até que vencido, o cansaço me fizesse parar e descansar! Mais adiante, já bem longe do povoado, tão longe que já nem o avistava, “invadi” um antigo pinhal! Desci da bicicleta… Sentei-me no chão fofo, de turfa e com o calor e o cansaço, acabei por adormecer!

Não sei exactamente o tempo que estive a dormir…Acordei e senti-me leve, pronto para um regresso apressado, pois fazia-se tarde e o sol não ia demorar muito a ir embora! De repente, quando me preparava para sair daquele lugar, uma brisa suave começou a soprar, a passar por mim! A copa dos pinheiros balançava, os fortes galhos e os ramos mais frágeis rangiam como se falassem e me quisessem transmitir algo, provocando um som estranho, completamente desconhecido e irreconhecível em mim. Naqueles breves momentos, senti o corpo vibrar de uma forma estranha…Senti um calafrio, um arrepio… Um “frio” percorreu a minha medula, a minha alma… O meu coração bateu mais depressa. Os braços e as minhas pernas pareciam, por momentos, deixar de responder a qualquer estímulo! Olhei, voltei a olhar, virei-me para todos os lados, como que tentando encontrar uma resposta. Parecia que algo ou alguém me estava a vigiar. Meio “aturdido” e em passo apressado, a segurar a bicicleta pelo guiador, sai o mais depressa que pude, daquele lugar que me acolheu, onde descansei e que depois parecia que me estava a expulsar.

Já no caminho, pedalei o mais que pude. Afastei-me rapidamente daquele lugar! Então, já bem distante, paro, olho para trás, avisto o meu local de descanso e tento compreender o que se passou. Jamais tinha sentido aquelas sensações! Nunca um frio estranho como aquele, me tinha percorrido o corpo. Nunca compreendi verdadeiramente as sensações estranhas que passaram por mim.

Nunca mais voltei aquele lugar.


JoXavi (JAX)

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